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um brinde à natureza.


chuva ácida
torrencial
verão de sonhos

alagamento & caos

a enxurrada marrom
de tons e meio tons no meio fio

material em decomposição
molda
herança maldita à nova geração

então...

passa óleo
passa terra
passa garrafa pet
embalagens de papel e plástico
resíduos mil

verte minha tristeza
...
cai tudo dentro do rio
(na UTI)



***

O gato de colarinho.

poema de 1980 ainda pertinente....






O gato mia quando vê a bacia
D´água na pororoca do rio
E, nós, surfistinhas desavisados
Deslizamos nas ondas de encantos mil;
O gato mia quando vê a bacia
E, aqui, ó, que se foda o Brasil!

O gato mia quando vê a bacia
D'água, vejam, a deixá-lo pardo
Vírgula, tinta na cara é simbologia
Se no alvo acerto o dardo;
Não quero nem saber da escatologia
Se agora o gato foge do rato
E  o povo carrega o fardo


A gato mia quando vê a bacia
Nos covis serpentários de Brasília,
A prole feudal protege a cria
Limpinha só no seio da família
Do gato que mia quando vê a bacia
D'água logo esquecida pela mídia.

Desculpem minha burrologia
Sou um (r)ato secreto
Que teme o gato da bacia
Impune na pseudo-democracia,
Ninguém precisa saber
De minha parca verborragia,
Mas vá pra puta que o pariu
Se a água suja da bacia
É do gatuno perfumado
Cantando livre no meu telhado
"quem te vê, quem te viu".


(Rehgge,1980)






DO QUE O POETA PRECISA




o poeta não precisa de todas as palavras
do dicionário, mas sim de todo o sentimento
que nem sempre as palavras descrevem



***