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Desencanto para a dimensão do amor


O amor não é feito só de abraços, beijos, sexo, palavras e gestos.
Não é possível demonstrá-lo totalmente, mas sim em fragmentos.
Já não é possível ao homem juntar todas as suas peças (fragmentos).
Hoje, coisas perversas são naturais. A fonte dessa sabedoria é a
Escola Universal de Caminhos Prontos. Nesses caminhos opiniões
igualam-se sobre aspectos supérfluos e os fragmentos do âmago
resistem ao tempo. Todo homem tem amor e necessita, como a terra
tem água e necessita da chuva. Todo homem pode andar em paz se
seus caminhos lhe saírem do âmago -, se ele renunciar aos aspectos
supérfluos e juntar algumas peças fazendo-nas o mínimo necessário.
Todo homem com esse mínimo não precisa, não sonha com o amor.
Vive. Não se define. Mas lhe é possível sentir, entender, não ensinar
nem medir uma trilha diuturna. Sem maldade, consciente apenas.
A inconsciência não o seduz porque o amor não é-lhe um nobre
sentimento - é normal. O pecado e a perversidade contradizem-no.
Pra que sonhar quando se vive o sonho? Muitos clamam a felicidade,
mas o amor é utopia, não é feito de nada. O amor reside em cada um
com maior ou menor intensidade, pois todos têm os seus limites.
O mínimo necessário é uma semente. A semente brota e, se houver
ferida, o amor é a certeza de elas cicatrizarem-se, apenas.

(3/88)



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