vi aquele cara macambúzio
fazer serenata na janela
definhar-se por causa dela
na quadra desse chão, sua cela.
vi aquele cara macambúzio
maltrapilho e tagarela
serpentear numa viela
tal história de novela.
vi aquele cara macambúzio
declamar às noites a Stela
versos, antipoemas a sua bela
em miragem que a paixão sela.
VEJO aquele cara macambúzio
de terno e gravata amarela
tal rei soberbo na cidadela
desfilar neste aeroporto,
nesta passarela.
pergunto:
- senhor, onde vais procurar o amor,
se antes esfarrapado agora a rigor...
inda voarás até onde teu coração supor?
ele responde:
- se me fiz de pobre, mas sou de valor,
o que basta-me na vida finita
senão à procura
que viaja comigo por onde eu for?
***