O pierrô pirou!
O pierrô pirou!!
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Atirou-se do pináculo pra livrar-se do drama
tentacular da fama de sua Cristina-columbina
descendo pelo elevador.
O corpo estendido no chão.
Um desfile contagiante duma Escola de Samba.
Um petiz cata o pito ensanguentado.
Um amuleto, talvez.
"O som do repenique, a marcação do treme-terra...
Pulsam as emoções."
Na roda que se formou, ele olha para a columbina
que acaba de chegar ao frontispício do leprosário.
-- Mãe, meu pai morreu.
***
"É fevereiro.
E todos, no ajuntamento, dizem:
-- O pierrô pirou!
-- O pierrô pirou!! "
É o cúmulo da comédia.
Pra provar seu amor, de tanto amar,
na avenida festiva, sua alegria terminara.
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É carnaval. Mais um.
O pierrô pirou.
O pierrô pirou!
O ciúme empurrou o personagem duma vida.
O filho chorou pelo pai;
a mãe, pelo filho triste.
Os leprosos
no interior das salas
deram valor à vida
_de desperdícios-=
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