(textos de minha mocidade)
O rico foi ao shopping. Comprou produto original.
O pobre foi ao barraqueiro. Comprou produto falsiê.
O rico foi de carro.
O pobre foi de ônibus.
Voltaram com seus presentes.
A mulher do rico não gostou do vestido de grife de
dois mil reais. Queria muito mais.
A mulher do pobre contentou-se com um vestido
de segunda mão do brechó. Era demais pra ela.
Ambas as mulheres faziam aniversário.
A mulher do rico detestou o bufê contratado, o local...
Contudo sorriu para a foto da coluna social ao lado de
gente ilustre.
A mulher do pobre estava feliz com o bolinho de essência
de baunilha e os sucos artificiais, com seus poucos
'chegados' cantando e cumprimentando-a calorosamente.
Assim foi...
Qualquer problema pro rico se resolve com o
talão de cheques ou cartão de crédito. Nome e prestígio
são sua riqueza.
O pobre, para equilibrar o orçamento, tem que fazer um
corte em coisas supérfluas, como presentes, andar a pé
pra economizar o trocado do ônibus,
pra economizar o trocado do ônibus,
diminuir as misturas, gastar menos água, energia, etc.
Talvez o rico, que ri à toa, só não consiga comprar o
que o pobre tem em abundância. Não se trata de
conversa ingênua de perdedor, não. Tanta ilusão
não há dinheiro que pague.
Por conta do pensamento acima, escrevi o
poema abaixo:
Bens materiais
Só por isso teu amor, por mim, clama;
Tudo tens
Mas teu maior bem é a fama,
É manter a etiqueta no chá da tarde,
Discutir viagem e empreendimento;
Ó meu amor!
Veja o pobre
Desinteligente, esfarrapado
Que até sonha com nossa vida
Vai coxeando limpando a ferida
Mas que, por amor, resiste,
Sorri, quando está triste
Na periferia da cidade,
Tem amigos verdadeiros
Que nem sequer sabem o que é vaidade,
Enquanto vamos às compras
Ele tem o dom gratuito
No peito que verte
A material, sentida felicidade;
Sempre houve e sempre haverá
O rico e o pobre,
Mas o amor pra ser nobre
Tem que ser humilde
Tão pobrezinho
Tão simplezinho...
Quanto mais,
Maior será a riqueza.
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