Oh, fale dos náufragos sobreviventes, do Titanic,
do Boing - recentes;
Oh, fale que não haverá mais cogumelo no céu
de Nagasaki, arcoirizado, borrado, cáqui;
Oh. fale duma África nutrida e mil Mandelas
à raça sortida;
Oh, fale que posso ir e vir cegamente, assobiando,
nas trilhas de qualquer continente;
Oh, fale que não haverá mais desastres desnaturais
nem cabeças à ciência - espaciais;
Oh, fale que não haverá mais desgovernos, que
os políticos estão enfermos;
Oh, bendito fruto! de mães semeadas como a flor!
Não verão seus filhos à mira de fuzis!
Oh, vivência ardilosa!
Sede de sedes febris!
Oh, fale da carta esperada, da eterna alma gêmea
que chegará à criatura desavisada para - todas às
noites, os olhos lacrimais, despertos -, fitarem a
porta de entrada;
Oh, fale de minha pátria amada!,
abolidora de passaportes às raças,
às sortes, mais nada!
Oh, fale da procissão dos húmiles numa ciranda
esférica, Oh! reanimem , no centro, Jó!
Oh, fale que se falam com serenidade,
se bela é a tez das faces beijando a sensível
pétala pra vencer o monstro que nos invade;
Oh, fale das divindades, dos intercessores,
sem a idolatria de neo-pastores;
Oh, fale que acabo de me tornar gente,
que dos males mundanos minh'alma
blindou-me do presente;
Oh, fale dos meus bons companheiros
como dóceis animais sob os luzeiros;
Oh, fale que sou velho,
que fui jovem,
que fui criança!,
que, depois do leite vital,
de minha mãe guardo
a cicatriz do cordão umbilical;
Oh, fale, continue falando;
não pare jamais,
pois já estou chorando.
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