pingos de chuva
lavam os sais
da face
dum corpo suado
nascem os ais
pingos de chuva
não lavam jamais
não lavam jamais
não há rosa-dos-ventos
só o moinho
do que ficou
de desencantos tais.
pingos de chuva
chove chove chora
a mísera dama
dona dos temporais.
pingos de chuva
tão dóceis
o náufrago
vieram sufocar
levaram as lágrimas
as cinzas
pro cinzamar
que o vento espargiu
do peito sem direção
pra voltar amiúde
em respingos
ao alvo
à dor da ingratidão
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