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Versos vermelhos.



Um canto novo entoei
Ó mísera de meus desenganos!

Tivesse eu a volúpia dos desbravadores
E os versos do poeta,
Ó mísera modelo de meus amores

Diria que meu sentimento
É o diamante rústico
Soterrado na caverna inatingível
Do esquecimento;

Um canto novo entoei
Ó mísera de sentires fraudulentos!

Tivesse eu a candura da rubra flor-de-lis
E a transparência do gelo
Verias minh'alma contorcendo-se em dores,
Meu apelo
Em VERSOS VERMELHOS
Borrando a página

E em desespero, ó mísera
Tu te maquiarias só pra mim
Tu te banharias em sais odorantes
E me esperarias aflita
Minuto a minuto mais bela
Em olhadelas pela fresta da janela,
E me verias saltitante
Com todas as flores colhidas só pra ti
Por anos e anos...

Um canto novo entoei
Ó mísera de meus desenganos!

Tivesse eu a magia
De fazer-te me amar,
Sentirias o cio no ar
De noites extenuantes
Ao luar dos amantes
Que tu, ó mísera!
Roubaste ao negar
Negando as estrelas confidentes
Que se fizeram cadentes
No infinito que quis te dar
No lume dos olhos
No sorriso da lembrança;

Um canto novo entoei
Ó mísera de minha esperança!

Tivesse eu teu corpo
Pra minha vida te entregar
MORRENDO
Rápido meu ímpeto motriz
Pra ser teu meu último olhar
Meu último suspirar
Meu último verso que não fiz.




***