A AVERSÃO AO OUTRO
(Comentando Gilles Lapouge, correspondente do
jornal O Estado de São Paulo.)
"Há países na Europa subdivididos, isto é, falam a mesma
língua quando colocam, acima de tudo, os interesses nacionais,
seja pra expulsar os imigrantes ilegais e/ou clandestinos, seja para
a guerra... e também a guerra, ou melhor, o repúdio ao direito de
ir e vir de qualquer indivíduo. Como absorver tanta pobreza?
Como dar o mínimo necessário a tantos excluídos em busca de
uma oportunidade? Bem... os governos que resolvam, mas da
forma mais humana e menos política possível."
No desfile bélico
passam os recrutas
atrás do imponente sargento.
Nesse instante não há dissidência.
Regiões viram país.
O 'Antagonismo Interior' vira monumento:
Fora o estrangeiro!
Fora o clandestino!
Vigiem as fronteiras,
as estradas!
os mares com suas fragatas destróires,
com seus sensores cardiológicos
e censores pra não entrar nenhum lazarento!!
27 países: uma só Europa:
O 'Antagonismo Exterior'.
27 rotas demarcadas
e um babel de propostas...
e soldados patriotas
marchando com suas botas:
direita-esquerda, volver! -
lado a lado num só corpo.
Ah, os pobres
da África, da Ásia, dos continentes!
Ah, a terra prometida
sem mapa, sem cor, tão pequena!
Passou a banda.
O desfile acabou.
Há consenso, mas não com senso, direi.
Enquanto durou,
vi a Europa como um só país.
Apaguei na lousa os traçados a giz.
(os que separam nações)
Deixei apenas o contorno.
Separei só mar e terra.
Vi o homem como animal
mijando para marcar território.
É a lei da natureza, pensei.
Não o vi matando por instinto, pela fome,
quero crer.
Clandestinidade não é opção.
É uma fuga para a decência, acho.
Rehgge.
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