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monólogo: RACIONA RACIONAL






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Textos de minha mocidade. Poxa! Que saudade!!!
(só para registro de quando eu engatinhava na escrita, hoje até ensaio uns passinhos)

Monólogo satírico duma época
(1978, Jundiaí)


RACIONA RACIONAL


Sou gente, sou presente; faço regras sem ser presidente.
Sepulcro técnica de gente famosa na timidez de minha prosa.

Esta é minha crônicaeconômica como um fruto desta nação.
Então, desvirgina-se à natureza em prol da idolatrada,
enlatada 'fonte dos lucros da comercialização", que intoxica
meu cérebro, desregula meu coração quando vejo, na calçada,
ainda, um pé no chão; na mesma calçada, outro, de cromo
alemão! É melhor terminar... só até aí vai minha liberdade de
expressão.

Ei!, mas, porém, embora , todavia... e a demo, cra...diplomacia
onde está? Eu respondo: está na mente dos economistas, de
ideias renascentistas, de preconceitos masoquistas, que
economizam os detalhes para não alongarem os assuntos.

Nada disso me espanta... ainda danço ciranda com o pessoal das
marionetes da propaganda... aquele pessoal, sim, aquele que fica
horas e horas a fio lendo um romance de João e Maria para ler
nas últimas estrofes: "E foram felizes para sempre".

Epa! sai um pouco fora! Desculpem minha maximpercepção, ou
talvez, meu jeitinho brasileiro de desvio de atenção.

Que confusão. Mas voltando... Sou fera na cela, homem duma e
daquela. Sou o cabeça da reunião sem participar da conversação
das palavras deste jornal, fazendo-me sentir o presságio do réu
na corte marcial. Esse réu...é...foi vítima do amor-paixão que,
pensando bem, faz parte das exatas e concretas, pois, somando-se
e multiplicando-se, hoje em dia, dá sempre um saldo negativo, no
pensar ter amado, no amado apenas verbo que pra isto foi
inventado, ou seja, poupa-se um sentimento na razão em que o
cérebro desilude-se com mais um pensamento. Opa! o resto é
acalento. Tudo isto por quê? Por culpa da racionalização prática
que chega a influir na eclesiástica. Afinal, os sentimentos rareiam-se
com a incerteza que, nesta realeza, presencia-se em torno dos que
aqui pisam e não visam o horizonte que se abre e reabre, mostrando
os artistas que não sei por quê são da direita...

Eu vos digo meus apátridas sonhadores: "Vamos racionalizar, não há
mais nada em que pensar".

Só se racionaliza com certeza desde que a alta nobreza reduza de seu
imposto de renda um artigo sem emenda, consistindo em dizer que
não há mais nada o que fazer, senão esperar o momento...pra se ter
o momento de expressar a grande resolução, ou, nada mais, nada
menos, regar nossa palavra em questão.

Até a esperança morre quando ninguém nos socorre e escutamos
alguém dizer: "Bem, os problemas estão em pauta sendo estudados.
buscaremos uma solução a curto prazo... Garantimos que nos
próximos duzentos anos tudo estará sanado".

Mas, se até o amor está sendo poupado e não tem esboçado
nenhuma reação convincente, por que não pensar no presente
sem tanta economia? O que será da boemia? Só há uma resolução:
esquecer a palavra em questão. Mas sou povo, sonhador fanático,
um homem apático ao notar um grupo de bons senhores
renunciar a tudo com flores, baseado numa só palavra de muitos
antônimos, de muitos sinônimos, de tão pouca concordância, com
ideal, sem ideia principal.

O que mais resta se nada mais presta? Só há uma grande saída -
não ligar pra vida... morrer tocado na barriga, pois, economia é o
prato do dia.

O que será do dinheiro quando tudo esgotar-se?... Tudo é um
círculo vicioso...um tempo precioso à espera duma nova opção.
Penso muito longe, não? Epa! meu jornal!... mais gasolina
queimada, mais um petroleiro afundado...

Brigas!!! não é preciso briga: ela reside na economia que traz
alegria num dia, no outro, é válvula de escape sem regalia.

Raciona racional!!! As palavras passam despercebidas, muitas
já foram esquecidas num comércio dois mil e primitivista ao
mesmo tempo onde sou tido como um nazista metodologista
e antiquado, sabedor da arte e incoerência, tornando-me um
assassino sem advogado ou, membro do jurado...não sei...sei
que sou um número. Contudo, sou econômico de presteza,
tenho minhas vocações, mas segui as normas desta realeza.
Sim, político da situação,seja onde for, por culpa da palavra
em vigor.

Talvez eu fosse até um grande gênio se estivéssemos na
pré-história. Sim, os gênios sensíveis, os intelectuais de hoje
que economizam inspiração para que os futuros tenham o que
falar na arte assassinada pela comercialização, ou, por um
jornalista marca registrada.

Anotem a dobrada: Quem economiza se escraviza. Quem
se escraviza pensa que economiza. O que é melhor: ser um
burro do presente ou um animal pra ficar na história?
Haverá um parágrafo para tal? Tudo o que se pensa é poupar,
de uma ou outra parte, até se tornou arte!, move tudo, num tudo
ainda ausente. Meu passo é curto para um pulo tão alto. Meu
acalento é que sou cem por cento pensador. Nestes instantes
instáveis toco meu bonde a todo vapor, com medo de
acomodar-me, seguindo as regras do livro-vida: a fonte do
economizar.

É... ninguém é igual a ninguém... tudo é um vintém, do
pensamento a uma prece. O que faz a vida é o presente;
o futuro deveria ser o vácuo do passado. Pra que olharmos
à frente se não sabemos onde estamos? Tudo se liga direta
ou indiretamente. Não fugiremos desta realidade. Quisera
eu ser, sou e não sei, o senhor deste mundão: evitaria o
inevitável da situação. Uma doença faz-nos poupar dentro
da racionalização.

Eu aqui sou chuva no rio, mas foi a palavra que me seguiu.
O que vou fazer se quero chegar a dois mil? Mas, se alguém
racionalizar meu tempo...? Esperem! Amanhã tem outras
poluídas no ar, neste jornal!

"Raciona racional!!!"

(1978, Rehgge)



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