pra manter-me vivo
escalei montanhas
e vivi
de quase morrer
em disparadas tamanhas
desci
entre subidas e descidas
o viço perdi
finjo ser inda forte
finjo inda ser feliz
minha força reside
na incontida vontade de viver
despedindo-me a cada segundo daqui
"uma obra leva anos pra se construir
mas implodida
num instante cai por terra,"
num olhar retro
nem vejo meus rastros
que meu peito encerra
vejo uma aquarela e um pincel
mas desde menino nunca os usei
talvez agora seja a hora
de colorir um paraíso só meu
sem sequer imaginá-lo
às vezes me pergunto
se a felicidade foi minha busca
;;;;
quiçá
aquando deste dia
rompa-se de seus grilhões
e me chegue
com batucada e foliões
pelo menos
prum último sorriso
solitário
como um superverso
perverso
em que eu exale
meus resíduos maldosos
e até me veja
reabilitado
indo ao encontro duma redimida tereza
num boteco amical
duma nova esquina
onde o futuro renasça
e a dona morte
desvie seus olhos
e eu me perca nos labirintos
tão iguais
mas de muitas saídas
palavreadas...
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