rasgo tua carta
depois tento emendá-la
foi nosso conviver assim
mil pedacinhos de uma carta
que no escuro
remonto em aflição
não há mais tempo
já não faz sentido
palavras já não são
só vejo letras avulsas
minhas mãos tapando meus olhos
um pensar incoerente
da finda carta latente
que me traz preocupação
uma lembrança rasgada
espalhada pelo chão
meu ódio ignorante
de íris vertical
'reescreva amor
reescreva-me!
faça-me o favor
num último adeus
incondicional
que tuas palavras colarei em mim'
estes papeizinhos picados
guardarei como pedacinhos de ti
este erro
entre mil erros
que louco cometo e cometi
mas que me mantém vivo
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