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nas entrelinhas.




"tudo em mim se esvazia e me deixa cheio de tudo"


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panapaná.




"ora direis
que a leveza do voo da borboleta
sucumbe e desvia
num átimo
 a 'desalegria' 
da brutalidade dum ato
mais sensível que o piscar dos olhos..""
(Rehgge)




***




o que trago de ti
na parede memorial 
senão imagens de teu olhar ao revoar de borboletas
e o brilho dele sobre pequeninas coisas
que até hoje iludem-me a  grandes aspirações

o que trago de ti
são pensares migrantes de minhas fugas em liberdade
são lugares aonde dançamos aos luares passionais
despreocupados com a lassidão da lida
livres à sazão dos recomeços

o que trago de ti
senão tua paciência às minhas febris urgências
e tua loucura indomável pra me fazer feliz
a um triz das escolhas erradas que eu fazia

o que trago de ti
me vem como ondas bravias a chicotear as pedras
me vem como braços a nortear meus desejos
até eu esquecer que
depois de nós
meu cômodo viver é aceitar que te perdi

o que trago de ti
é o aroma de teu café
e o calor debaixo dos teus cabelos
e nossas brincadeiras sensuais à beira do fogão

o que trago de ti
a mais forte de todas as lembranças
(afloradas a mil miragens além da flor d'água)
é  a subjetividade de tua viagem
ao revoar colorido das borboletas

e
se um dia ainda contemplá-lo
vou imaginar que tu estás entre elas


***


















esquisitices numa noite neutra...






não temo pelo fim do mundo.
temo que o mundo continue igual
até eu cair no submundo
e achar normal
ser um ser  neo-desnatural

***



não a um novo caminho
sim a uma novo jeito de caminhar,
que fiquem pra trás meus sonhos
outros serei forçado a sonhar




***


nasceu do homem
o homem nasceu do nada
o nada duma ideia forjada
que ninguém explica

quando se explica
a ideia há muito fora espirada
aff
fiquei e fico no vácuo
maturando minha mente viciada
(uma metralhadora com balas de festim
pra dar fim a inimigos invisíveis...)
ih






***


Deus me livre!
o homem tragou pra dentro de si um deus
diminuiu o fabrico de ídolos

cada homem tem um deus
cada ídolo tem um homem
intercessor
que o reinventa

se eu fosse um bom humonauta
eu seria alado
pra achar deus no espaço
 perguntar pra ele
sobre a expansão midiática do seu nome
se toda artéria converge à sua luz energética
e por que
a criatividade humana criou o diabo
que tem como cartão de visita a idolatria:
uma armadilha viscosa aos meus pés de pouso

sou um ser alado, sim, cheio de tentações

eu me permito divagar para achar o que está dentro de mim mesmo.

mas, se eu moldar uma escultura  e chamá-la de deus,
Deus me livre!
não vou dar seguimento ao processo!


***



ângulos invisíveis de atos compartilhados.

ângulos invisíveis de atos compartilhados.





conviver com o drama
melindrar-se com utopias

uma dose bipartida
uma é vida
a outra ilusão

2 olhos
um se espraia ao céu
outro fica entre o céu e o chão
no desvão
[mira sem direção]

um V que não se vê
aberto ou estreito
conceito & contradição

pré-ângulos
de venturas inusitadas

nas utopias
no drama

pela obstinação
faísca de chama
que faz de ínfimos atos
cenas comuns
anunciadas
desnotadas
entre loucura & razão



***






olhos negros.



...os olhos negros percebem
teus passos na longa calçada

desde o gene a cada corte umbilical

és tu
fulano de tal
sem nome 
contador de passos idos
apenas
um viajante do tempo
nas paralelas vida e morte
(?)
só os olhos negros
invisíveis nas cavernas
de toda luz humana
vigiam tal  transmutação
aos precipícios sensoriais
sem o corpo físico
...

e
depois da alma
apenas partículas energéticas
gravitantes no universo sem fim
talvez se fixem nalgum corpo estelar
muito além da imaginação


os olhos negros
(espectros espectadores da derrocada)
veem na longa calçada
tua última passagem
teu espírito frenético
à procura de luminosidade

os olhos negros
presos na prisão espiritual e terrena
absorvem teus sentidos
já agora aéreos


além do sol
além das estrelas
além da lua
além da rua
de uma só mão
de um só deus que testifica
além da matemática
da física
da química
de toda sabedoria aeroespacial
de toda alquimia
de toda telepatia
de toda psicografia

os olhos negros
criam biombos

precisam pegar uma carona



***