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a dança das borboletas.



ruge velha a fera
de sentir indolor
que se torna verso
realça a cor
das palavras
'refém de teu amor'

rouge são os lábios 
sedutores
impuros
que calam a fera

ruge minha libido
na tal atmosfera

bailam borboletas
salto noutra dimensão
colado em ti
(sinto teu sexo em pleno voo)

meus orgasmos
fecundam
a arte de te amar
quando no cio
acordas minha trans(ins)piração

mas
(por ironia do destino)
me deixas
ferido
quando partes
em busca doutra ilusão

ruge velha a fera
de sentir indolor

 o tesão que sinto 
vira poesia
realça a cor
das palavras
'refém de teu amor'

 dançam as borboletas
nos jardins que invento
(afora a mitológica quimera)
ansioso de teu regresso
dançam empós de toda primavera




***











Poema aos cães e gatos e afins.

***




me fiz animal
au/miau
manso quem dera
ser fera
zanzar na biosfera
não me pisem!
cão ri latindo
gato joga peteca
as caudas dizem

ser o avesso 
sem plano
ser quadrúpede
sem desengano
ser ser ileso
apenas fulano

desmodelo
(o pós-riso de cada tropeço)
tino vocacional
desconstrução 
habitat irracional
de filosofar pereço

no rodante mix
 marco passo
marcos desfiz

tento ser feliz
animal sou
animal me fiz

***

acróstico: SEMENTE





Sêmen x sêmen, és semente
Entre as utopias que sonhas
Mesclas pós-cio à lida carente
Embalas a outrem gozos enormes
Nadas entre ranhuras e fissuras
Tentada por neo-paraísos disformes
Elevas tudo à tua alma ímpar criatura




***



um olhar pra cada extremo.


há vagas lembranças em meus descaminhos
porquanto não faço questão de lembrá-las

meu destino fica do lado sombrio
do outro fica minha servidão ambígua
no despropósito de, sem querer, achá-las

enfim

convivo com os pressupostos
de ideias alternadas
que de repente alcançam o insight
(...)

remoer e remoer os bagaços
até a última gota

até acertar o  alvo invisível
que nem sei se realmente existe

talvez eu procure a plenitude de meu ser
posto que marco encontro comigo mesmo

mas talvez
tudo não passe de uma reciclagem maquiada
puramente cíclica

e minhas lembranças sejam apenas ferramentas
pra desvirginar o eu que não sou eu

ou
o eu da fuga em liberdade


***