escrevo sobre os átimos indizíveis do drama e da comédia humana.
escrevo como se escrevesse pela última vez meus sentires e revelo
meu micro-submundo factual que jamais há de se repetir.
escrevo porque sinto-me obrigado a partilhar o algo novo,
às vezes nem tanto, mas que precisa duma nova roupagem
acessível a qualquer cultura ou nível cultural.
escrevo como uma necessidade vital que, revendo a vida,
absorvo, filtro e exalo como se fosse minha última mensagem.
escrevo porque não sei amar como se deve e, repentinamente,
deixo-me levar pela ira incômoda e biológica que me aborrece,
e só em palavras consigo criar um esboço de mundo perfeito.
escrevo, ou tento descrever o âmago de pessoas suscetíveis
que vão do erro à loucura, que não suportam a mansidão
da mesmice e que se robotizaram à simplicidade da paz,
do amor e da felicidade diminuta cada dia mais ausente.
escrevo com meus dedos já calejados de escreverem
sobre as máscaras diuturnas de todos nas situações
que o dia a dia oferece.
enfim, escrevo para dar sentido à vida, a minha...sentido
o qual jamais acharei...e o mesmo também só exista, ou
passe a ser real, quando me vejo redigindo alheio ao
besteirol programado, viciante...
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