o mal que se cale
e enjaule minha ferocidade
preciso respirar
acalmar meu pulsar
tirar meu sangue do olho
liberar-me do ferrolho
e todo o bem inato
no estalar dum metálico prato
vem me despertar
a seguir a roda viva
que tudo apraz
mas nem tudo convém
metade de meu cérebro é mau
posso tudo encobrir
com a metade do bem
que fale por mim a mansidão
na luta sem trégua
que travo com as sobras
da pureza que inda há no meu coração
minha santa ignorância
é exemplo bruto
do que luto pra não ser
soberba é a gratificação
de perdoar e ser perdoado
mas há gente tão ruim
que nasce, vive e morre
em pecado
chamo isso de 'complexo dos fracos'
pois quem é forte e valente
perdoa até o fim
se até o fim for humilhado
todo homem é um santo
emana luz
mas muitos se travestem com capuz
porque a covardia de ser manso
o traduz
o traduz
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