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DESAFIO DE DOIS.



DESAFIO DE DOIS
(1998)

1)
Óia o sininho da charrete
Do mascadô de fumo e chiclete
Carreando burrinho rabicó,
Lá vem o cata-treco
Externet anunciá,
Cato muié casada
Separada e tico-tico no fubá.

2)
Cê não cata nada
Ô jeca-tatu descar(t)ado
Feito seco coco babaçu,
Cê só cata resto de marmita
Eca de cabrita
Latinha de cerveja
Pensa na carne seca
Mas só come chuchu,
Tu é mais feio
Que briga de foice no escuro
 Cara de maracujá enrugado
Come tudo
E o pingulinho tá despencado.

1)
Intão vamo mudá este combate
Cabra da peste safado
De sexo disfarçado
Vai aqui meu arremate
Cê que não cata nada
Nem chuchu nem carne seca
Nem véia biscate.

2)
E por falar em biscate
Tua mãe cumé que vai,
Cê vive carreando
Mas na verdade
Tá procurando seu pai.

1)
Falando em pai
O meu tá na sua casa agora
Tá fazendo um irmãozinho
Jogando conversa fora.

2)
Vamo mudá de assunto
Vamo falá de politicagem
Tem serpente em Brasília
Fazendo malandragem...

1)
As serpentes são secretas
Moram debaixo do tapete
Tem ato secreto e canetada
Roubando pra cacete.

2)
Passa lá sua charrete
Recolha o lixo dos bamba,
Haja lixo moral
Que não cabe na caçamba.

1)
Deixa pra lá jeca cururu
Nóis somo mesmo porreta
Somos inútil sem etiqueta
E se bobiá
Roubam meu miúdo
Passam a mão na minha bolseta.

2)
E falando em ladrão
Cumé-qui-fica-intão?
Tudo vira pizza
Pro progresso da nação.

1)
Deixa pra lá seu folgazão
Todo resto pra mim é joia,
Manchete de jornaleco
Me chama atenção
Dos gringo ganante em paranoia...
O verde "dasuropa" tá na inópia
Tem 100 mil ONG na Amazônia
Cadê as da Etiópia?

2)
São esperto esses gringo
Mais que dono de bingo,
Cadê  a ONG Mandacaru
Pra fazê cisternas no sertão,
Se me permite vou dizê
Que papo de desviá o véio Chico
De tanta água e miserê
Só serve pra contentá meia dúzia
E enchê de merda o pinico...?

1)
Intão cumé-qui-fico
Seu Zé roela duma figa
Vamo vê novela
Padrão internacioná
Notícia paga da Centrá
Até favela tem cor bonita
No causo do telejorná!

2)
Vai carrendo, vai carreando
O Corintia é campeão
Seu charreteiro da madrugada
Toma mais um goró du bão
Dá linha safado
E se recai na estrada.

1)
Cato treco
Cato de montão
Cato resto de pé de bode
Lixo da civilização,
Cato muié casada
Broto e dragão
Quando toco o sininho
Sou um passarinho
Bicando farelo no chão.

2)
É meió nóis ir se indo
Ô charreteiro do amor!
Dia desses a gente se vê
Pra falá das gostosas,
Me dá essa foto da pelada
Suma co' seus refugo
Num sô de ferro
Vô descabelar o sabugo.

Tchau, tchau....


 ***

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