VIOLÊNCIA
NAS RUAS
NAS RUAS
de belezas e desgraças
de cores de todas as raças
de mulheres nuas
de meninos desamparados
à cata das moedas
de cidadãos apressados
de compradores
assediados pelos vendedores
barulhentos motores
misturados a gritaria nojenta
meu pensar lamenta
pelos vagabundos
nauseabundos
pedintes
que agora não mais escuto
num minuto
pelo ruído eletrônico
supersônico
gás carbônico
...
...
meu mutante gênio
amostra o início do milênio.
Aqui qualquer pessoa
qualquer casa
a esta hora tá sendo roubada
aos sons das sirenes
qualquer morte
o fogo
um banco
um inocente sem sorte.
Mas a rua não para
abrem e fecham-se os semáforos
um corpo tomba
outro gole
outra briga
manchete
imprensa geral
narra
o dia violento na capital
de arquitetura moderna
ratos na catedral
calçada numa salada
de intelectuais
estudantes
analfabetos
liberais
trabalhadores em geral
gente de toda classe
de todo lugar
trazendo-me o medo
de sentir meu corpo sangrar
como um inocente sem sorte
nela a vagar.
(1980)
***
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