sabes da ossatura
do meu silêncio
do alvor pela fresta da janela
do alvor pela fresta da janela
da caravela colorida
em lampejos pictóricos
no posfácio de cada minuto
em lampejos pictóricos
no posfácio de cada minuto
sabes?
o moinho giramundo
devassa os sonhos
(nas notas duma melodia)
desmancha as teias
(num sopro renovável)
desarruma as sombras
(como espectros mutantes)
sabes do meu escuro
onde vivem vozes antigas
mescladas com meus monólogos
(zumbis mudos a preencherem o espaço)
...
(zumbis mudos a preencherem o espaço)
...
sabes dos meus novelos da hora
enrolados no pulso
sabes?
sabes?!!
sabes que a lida tece artimanhas
de minha doce palavra
tal fruta enrolada em papel de vento
sabes do som do catavento
e dos umbrais
para a estrada das pedras
do limboso espelho do tempo
?
sabes das minhas privações
das folhas mofadas ao relento
dos frutos entre as folhagens
cortinas dum show
que se aporta em meus olhos
e vaga à terceira margem
de rios invisíveis
?
?
sabes
que o amor flutua
e tira os alicerces da casa
sabes
da água rasa
da brasa
fluente de minhas lágrimas
a amarelarem meu travesseiro
com pedaços de mim
...
dos meus gestos prematuros
do baluarte dos meus braços
até ontem imortais
?
sabes o que me embebece
com tanta futilidade
até eu esquecer
que apenas viajo no tempo
à procura dum nicho
em que almas risonhas desfrutem
perfiladas nas calçadas
o cortejo de minha parca história
em que almas risonhas desfrutem
perfiladas nas calçadas
o cortejo de minha parca história
sabes?
que a indecifrável escrita
(vivida)
dói demais
até eu ser um ser
que ninguém jamais concebeu
no baú das ilusões
...
e a epígrafe deste
é minha inconteste
perseverança em prosseguir
...?
sabes ou não
da vaga premonição
que nos infiltra
à nova atração
de afazeres & pensares
do senso comum
apesar do roteiro plural
apesar de
...
saibas
que só sei de meus limites
e, só, posso apenas responder sobre minha vida nua e crua
o resto vai além das pernoites de meu desassossego
sabes?
***
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