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Na sarjeta da rua que eu ia.






Vi um velho chorando
Se lamentando - sentado
Na sarjeta da rua que eu ia.

Vi que era saudável
Quis saber da dor que lhe doía,
Ele me disse de sua melancolia
Mais gélida que a noite fria,
Que fora rejeitado
E que chorava
A dor da promessa vazia.

Continuei andando...
Vi que o velho me perseguia:
Rapaz - perguntou-me -
Pra onde eu ia.
Não tenho rumo certo
Nem ninguém de companhia,
Indigente entre tanta gente
Até morrer eu seria
- respondi -
Me perguntando
Se ele preocupado comigo estaria.

- Rapaz, não sou monstro
Que a sociedade cria,
Já tive família...
Sinais dos tempos:
Os lobinhos desmamam
Desgarram-se da matilha
E os cofres vazios
Descartam da mobília.
Tudo dividi

Por isso, estou aqui.

- É, meu senhor,
Sou apenas um andarilho
Vagueando fora do trilho
Que nos quatro cantos vê magia,
Rejeitador de riqueza
Pra viver faço acrobacia,
Mas nem por todas moedas
E títulos de realeza
Tua paternidade rejeitaria.

- Rapaz, o que tens na sacolinha?
- Pão e um pouco de café.
- Açúcar, fósforo e água tenho na minha.
Vamos fazer uma fogueirinha?

Vi um velho sorrindo
Dando glórias - sentado

Na sarjeta da rua que a gente ia



***
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