O sentimento de perda, às vezes, faz a pessoa ironizar sobre o que é importante pra ela fugir daquilo
que a incomoda, ou seja, a mesma se traveste como se dissesse: "sou eu, mas não sou, minha
máscara é temporária." Essa atitude provém da tristeza extrema, da dor, do trapézio
das emoções e da superficialidade de não conhecer-se a si mesma. O dueto "apresenta mas não
representa" e "representa mas não apresenta", torna-se obsessivo e corriqueiro como modo
de agir e viver. Essa pessoa passa então a ser a protagonista, em segredo, daquilo que
inventou porque seu sentimento e reflexão tornaram-se tão vazios e tudo
que lhe faz sentido são apenas pensamentos postiços. Acho que devemos,
mesmo afundados no lamaçal, não lutar contra nossa voz interior e, se ainda nos restar a cabeça
desatolada, saberemos que nossos princípios intrínsecos são indivisíveis e começaremos a ver mais
claramente o sentido de tudo e não mais desdenharemos da situação circunstancial por que
cada um passa. Enfim, o sentimento de perda traz a ironia da pessoa tola, crédula na magia
do "de repente estarei feliz". A vida é curta, creio, não percamos tempo com tolices,
pois a corda do trapézio pode se romper a qualquer momento, e será que alguém vai nos socorrer?!
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