À poetisa Ana Coelho, de Portugal, consagro.
POR UM MOMENTO A MAIS DE ESPERANÇA
Vejo o arco escuro
Dos olhos embaçados
Peço mais alguns minutos
Antes da aurora fatal
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A nova vida inescrita
Chorando o adeus
Penso em todos os meus
Quiçá sejam felizes
Se comigo nesta hora
não verão a face de Deus
Revelo meu derradeiro segredo
De coragem
Sem medo
Sem medo
Meus impulsos perdem o fôlego
Neste olhar trôpego
Desimpedido e tão vazio
Despeço-me de toda nulidade
Nas asas plenas da ponte aérea
Ao encontro da verdadeira verdade
Desvirgina-se em mim a vontade
A finda
À qual me atino
A finda
À qual me atino
De voar por cima do alto monte
Tão abaixo de meu destino
...
...
E o que vejo
Tomba-se na verve imemorial
Do esperado final oculto
Numa viagem espiritual
De linhas incertas
Que ora inicio seguro
Se já soube de tudo
E já não sei nada
E neutro minh'alma alcança
Meu voo à última morada
Partindo sereno
Miro vestes brancas no céu
Escuto a melodia angelical
Acordar estrelas silenciosas
Opacas assombrosas
Que só o brilho da morte acende
Nos poucos minutos que me restam
Duma história que já não faz sentido
No último fechar de olhos
Fio-me na lembrança
E na bonança
Que comigo vai
Quando olho ao redor
E suplico ao Pai
Por mais um momento
Por mais um momento de esperança
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