e se tenho o amor
que não consigo demonstrar
nem em fragmentos à vida estranha...
como posso te amar
se apenas me conheces por fora
se não decifras minha entranha...?
e se me treme a carne
nos jogos da vida insana
se perdedor sou se olho pra mim mesmo,
como posso antever suas palavras
ir empós de teus sonhares
se inerte, caído, corro a esmo?...
e se do meu sentir me silencio
quiçá um dia leia as palavras não ditas...
deveras as procure em teus amores idos
e sinta a lâmina de minha sangria
minuto a minuto o quanto eu queria
demonstrar te amando o que não sabia.
e se por ti sobrevivo
pisado por teus pés,
sou sem valor a erva daninha
a renascer na solidão deste mundo
no deserto, sozinha.
...
e se não me foges
embora corras
embora corras
como posso brindar a alegria
deste amor ficar mesmo que tu morras
nuns passos seguros
noutros de masmorras?
esse teu desamor
causa-me furor
tanta dor
ainda
hei de lamentar
será que nunca vais me amar
pelo que sou sem demonstrar?
será um interlúdio, um vacilar
de toda uma vida a corroer
meu âmago
preso a maldita esperança a me prostrar?
...
jogarei minhas fantasias no pretérito
estarei cicatrizado no futuro
e no presente, as dores tenho que aguentar?
...
mas são minhas as dores que retratam
tudo que não sei dizer
...
ao espelho digo
desdigo a inventar
refazer miragens
sentir-me um tolo
somar
tirar
tirar
de tudo o quanto sei te amar...
***
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