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monólogo À ESPERANÇA



texto de quando eu era ainda um moleque do pé rachado!

monólogo À ESPERANÇA



Não morra doce vontade. Há muito a espero.
Sou um lutador incerto da sorte, mas minha mão
um pastor há de segurar, sim... sim, aqui onde os
animais procriam e os vegetais brotam dando-me
o ressurgimento para novas semeaduras.

Homens!
Rezem para os vira-latas serem levados as casas dos
prósperos nestas ruas aonde os bárbaros lutam à
conquista de palácios e destroem o casebre à beira
da estrada poenta...nos seus olhos sujos, nas lágrimas
de ódio que caem.

Bandeira!
Por ti vejo tremular finais de livros felizes.
Restrinja meu objetivo a nada, à decência.
E que nas minhas muralhas erga-se um espelho
dando-me as belezas esquecidas pelo cidadão.
Bandeira, sou um amotinado às regras, um sonhador.
Um sonhador que acordou tarde e meu canto é o
da ave abatida meio a mata virgem.

Espere , ó morte que me espera, sem que antes eu
confunda um riso, a volta do herói e seu brado vitorioso.
Mas o falido que me circunda desnota meu grito
natimorto: ele é uma orquestra aguda, mais alta que o
som do progresso...sou apenas um menino assobiando
uma canção numa gruta impenetrável.

Grande terra com seus capitães!
Enterrem suas fardas e suas armas. Enterrem seus
ideais e os personagens marginais no palco que encena
a igualdade.

Infelicidade!
Não mais me deterá, quando meus filhos fugirem das
prisões desamorosas para vagarem libertos sem
serem marionetes.

Amigos!
Limpem meus caminhos, sujos pelas serpentes que
ao redor fizeram seus ninhos!

Inimigos!
Enxerguem à distância, na escuridão de seus princípios,
minha bandeira, minha louca doutrina.

Ó analfabetos das geniais criações.
Ó qualquer Israel.
Ó nada do tudo quase nada...
esperem por mim...
e sairemos de cabeça erguida...
e veremos nossos rostos mutuamente...
e teremos a essência proibida de alguém que não
entende o seu significado.

Proclamo minha vitória a todos do globo.
Parem!
Olhem!
Reflitam!
Liguem seus rádios. Saiam às ruas para comemorarmos
um novo rumo na história. Desta, que amargamente
faz a minha e a de outros à beira do convencional.

(Rehgge, 1978)



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