pitangas

de cores

de todos odores

as colhi

na árvore da vida

no tempo certo

esperei outras se maturarem

no galho coberto

uma apanhei

envelheceu comigo

nas estações

em que seu fruto me oferecia

até hoje sinto seu sabor

tão mais forte

por desejá-la

sem nunca mais podê-la provar

se  tão iguais

em cada uma

vejo ela passar

 me recordo dela ali

esperando

que de tudo nela

eu pudesse gostar

***

...

uma pitanga doce

colhi no pomar

fiquei futilmente feliz

que nem vi o tempo passar

guardo inda seu cheiro

seu sabor

aquele sorriso bobo

maroto

que pra onde eu for

morrerei sem encontrar

no chã da distância

a cada estação

cada uma tão igual

tão diferente no meu olhar



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