(poema de minha mocidade, 1979)
OS MENINOS
Aparecido do Norte
de coração disparado
chega a praça do Sul
dos laranjais amarelos
sem chinelos
outra vítima do sistema,
no conto foi iludido
no conto de construir castelos
Há muito vejo-os passar
Há muito vejo-os passar
sob o sol a cidade despertar
todo dia morre a verdade
de esperança tristeza matar
suando nas pás e picaretas
no pulso forte dos martelos
suando nas pás e picaretas
no pulso forte dos martelos
Seus ideais no lixo são jogados
falsas promessas os fazem sorrir
suas famílias às milhares são mescladas,
a miséria é melhor que nada
pra quem nem pouco pode dividir
A praça é uma real falsidade
bocas ingênuas conseguiram enganar
numa propaganda sem esquema,
numa propaganda sem esquema,
por isso entendo o porquê do dilema
da cena desses anos que pela fome
tantas aves estão a migrar.
Os meninos chegam incansáveis,
à praça do Sul que há de luzir,
e seu Norte é para 'outros'
plataforma política imemorável
que ainda há de falir.
Aos olhares ziguezagueia
esse tal a qual me atino
somando-se a mais um dos frustrados
pela terra prometida
sentido dos galopes da vida,
os pés serelepes rachados
sempre deixa os laranjais roubados
numa epopeia presumida
numa epopeia presumida
(1979)
***
***
Nenhum comentário:
Postar um comentário