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nem só de poemas vive o poeta, mas de todo sonho possível.




viste o vento nos capins das pradarias
e pássaros  miúdos bailando nos ramos

viste 
da tua trilha uma canção de exílio
quando alçam voo a outras bandas

no descompasso do passo
o que farias inerte
revendo teus rascunhados planos

a levar-te num sopro ao idílio
tal paranga  às aruandas
sem o olhar retro
da rajada empurrando-te metro a metro

viste?
quão fácil é sonhar
quão fácil é planar
como bumerangue
triscar os pés no mar
atolar-se no mangue

pra saber que o balanço
das plumas incessantes
na haste dos capins
são notas dissonantes
migram como vozes migrantes
espelham semblantes
que lhes emprestamos
se mansos estamos
traduz do trapézio a leveza
em que liberas teus curumins
se em trilhas e afins
buscas teu pão à mesa
assim como os pássaros
um grãozinho
desta planície aos confins

viste?
ajoelhe-se e reze comigo
pois se viver é nosso castigo
então pequemos
já que não sabemos
pra onde o vento nos leva
nos gorjeios soltos só pra nós
felizes agora, ao menos
num duo pensar, plenos

de que a aurora vital 

vaga a tantas plagas
como se tivéssemos do céu
suas escadas




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