houve um homem
que não sabia amar
ensimesmado
ficava preso em seu pensar
houve uma mulher
que nunca deixara-se amar
por pura empáfia
nunca conseguiu se entregar
e envelheceram sós
um dia se encontraram
choraram como nunca souberam chorar
´porque o tempo não podia voltar
aí está mais uma história de amor - envelhecida
nos anteparos da desconfiança sentimental
que joviais recearam liberar
dessa História NÃO acontecida
veio meu POEMAR
veio meu POEMAR
amor, pássaro arisco
dum só canto de existência
dum só canto de existência
Não se prende no visgo
do ardiloso caçador
quem será que te ouviu
quem será que te viu
quem será que te viu
se não és no caminho
seta na direção interior
nem palavra em pedra esculpida?
quem será que te sentiu
sem deixar fugir o olhar
na única possibilidade duma vida?
será o amor que passa
estrela cadente que do céu cai
e se dissipa ao chã rente
tal pedido que se apaga
num sonho claro que se embaça
calando com mordaça
a chaga incurável mais dolorida
quando o amor se vai?
sim, o amor
que o medo perpassa
requer a coragem
de livrar-se da couraça
...
...
e o sal duma saga
sua engrenagem
o amor é miragem
é dor que rechaça
todos os ais da tristeza
todos os ais da tristeza
cria uma fortaleza aureolar
de sorrir por sorrir
de amar por amar
sem a ilusória maquiagem
...
...
a chance nenhuma de amor
E sentir-se ninguém
preso num Zás-Trás Escapar
ser livre pra amar!
um pedido
outra estrela
outro pássaro dum só cantar
nem quando nem onde
deixar-se seguir às claras
deixar-se iludir
pare o ritmo num momento
pra vida sonhada fluir!
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