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Transtornos fóbicos de um transbiguá.





Gosto do chão tátil, da lama, desde que eu não afunde.

Tenho receio do mar. O mar é misterioso, traiçoeiro. 

Fobia náutica?  -  Hidrofobia.

Tenho receio de avião, afinal não tenho asas. E quando o avião cai

só sobra a maldita caixa preta... Fobia aérea? - Acrofobia.

Tenho receio de gruta, caverna. Vai que haja um soterramento

e eu fique preso, sem saída, e venha a morrer por falta de

oxigênio... Fobia de desbarranque?  - Claustrofobia.

Tenho receio de montanha alta e precipício. Quando estou 

lá no cume fico atordoado, perco o chão se olhar pra baixo.

Fobia de fundura? - Abissofobia.

Tenho receio de escuro . Enxergo mal e espíritos embaçados

bailam ao meu derredor. Ah, mas posso correr, estrategicamente,

pra onde o nariz apontar! Fobia negra? - Nictofobia.

Eu devia ser um  super transbiguá-solitário, uma ave nômade capaz de voar 

bem alto sobre tudo, fazer meu ninho  num penhasco qualquer. Mas longe

de mim buracos negros, afinal esse negócio de espeleologia é pra aventureiro.

Nõa curto topografia de interiores, que fique bem claro!

Ah, sinto-me  um transbiguá nômade que vê no escuro, que grita feito

maritaca-voz de-lata-buzina-chata-da-mata!!

Então... seria tão bom eu cantar quando quisesse a linda melodia de

um disco riscado... Evacuar em pleno voo e temer somente o

irreceoso, confiante. Esse é bem capaz de pegar um estilingue e treinar 

tiro ao alvo com meu serzinho desprezível por simples distração...

Eu devia ser um transbiguá nômade. Eu devia ser um símbolo de liberdade.

Contudo, sou apenas um patético ser-humano, medroso, um observador

sagaz entre as nuvens e a profundidade.

Eu devia ser um transbiguá nômade, desconhecer meus medos, 

e, além de ser um animal a ser estudado, espalhar muitas sementes,

e endoidecer os normais com meu escremento ácido...kk



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