Da Série
'Proesias Absurdas do Novo Milênio' - 1
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brothers.
muito triste, foi a loja de varejo pontocom
e comprou um cachorro. virtual, lógico!
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suicida previdente.
construiu um túmulo no fundo do quintal.
adentrou.
puxou a tampa de concreto,
se acomodou.
pelo celular, ligou
para a defesa civil.
havia deixado pago o serviço da empresa
de cata-entulhos.
duas cápsulas tomou
de sonífero que a velha rabugenta,
sua vizinha, lhe emprestou.
a bomba-relógio acionou.
e navegando na web ficou.
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a fórmula.
doou todos os seus bens a instituições de caridade.
esse ato de grandeza humana trocou por uma
fórmula que lhe garantiria um reinado e
mandato eterno num país que ainda seria decoberto.
pequeno aparte:
as instituições de caridade lhe pertenciam.
eram heranças hereditárias.
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declaração de amor.
era um fã apaixonado da musicista que tocava
virtuosamente flauta doce.
não aguentou. revelou-se.
eis sua declaração de amor:
pego uma furadeira,
faço furos no meu pênis,
passo açúcar,
só pra você assoprar.
assim unimos o útil ao agradável.
ah, se não sair som, eu assobio!
a resposta dela:
aceito sua proposta.
soprarei horas e horas seguidas, meu gato;
mas arrume um tubo de oxigênio e um inalador
porque sofro de bronquite asmática.
puxa, eu pensara que o romantismo tivesse
acabado. tô até imaginando nós dois na sala,
à meia-luz, jogando fuck-fuck no videogame...
preliminares, entende?
-- sei, sei. você toca de ouvido?
-- ah, safadinho! a partitura tá chipada
na minha cabeça.
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o sonhador.
cantava o hino nacional de um país imaginário
que falava em céu estrelado e
rincões paradisíacos,
de terras férteis,
de mares e rios azuis,
de verdume e quetais.
chegou a polícia do manicômio e o
exilou em outro planeta em formato
de girassol que tinha tudo de seu país
imaginário, e que tudo se renovava a
cada segundo.
lá no planeta-girassol tornou a cantar,
amiúde, o mesmo hino nacional.
aí chegou deus e lhe disse:
'ô, sonhador! você e seu sonho já morreram.
mas que país é este que não me recordo de ter
inventado?
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rehgge.