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DOIS SONETOS











INSÔNIA



ó insônia de mais um cigarro
após outro no canto da cama
desperto engolindo o pigarro
e ela, escrivaninha me chama

no espelho me tiro um sarro
de cara amassada sem pijama
um rolê... num texto esbarro
porra! ufa! cadê minha flama?

se na noite vazia me amarro
o resto de vodka me inflama
ei, já bebi toda água do jarro!

minha voz interior proclama
saia! sem rumo, sem o carro!
e volte pra tirar uma pestana...



***





SEM CONTROLE

ah, meu descartável besteirol
de tanto reviver na vida vadia
frustrada de pensar em caracol
algo além  mais dela eu queria

ter minha juventude em formol
vencer já os sulcos desta porfia
não me ater ao alto colesterol
rejuvenescer sem sofrer no dia

no negror deste quarto ter o Sol
que meus fantasmas espantaria
com meus ais roucos em bemol:

tom definhante já sem a fantasia
de ter o rubor moço da fina escol
mas velho, de que me adiantaria?


***

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