há dias na vida
de alma sofrida
a mansidão vira tempestade
sonhos-escombros
e sinto-me covarde
mas ainda assim busco forças
cabisbaixo sem alarde
mas há outros
em que assentando
tijolinho por tijolinho
reconstruo tudo
irado
magoado
mas me miro
no sensível beijo dum cuitelinho
há dias em que o amor
é a sorte de encontrar
o nome da pessoa certa
numa infindável urna
parece uma lembrança
remota nos confins do passado
uma espera diuturna
teimosa
qual germinar duma semente
mas há atos símplices
que à tona
tornam o amor real novamente
há dias e dias
que mil ideias
se resumem a uma
vida de vaivém
em que sou tudo e nada
sonhos e amores
que persigo
na mesma estrada
numa rota rotineira
dividida e extremada
aonde todo sentir me invade
restando-me apenas lutar
por um resquício de tudo
de tudo que me agrade
***