Bira não vê a pira
de sua cremação indolor
dá um mira
e se atira
num banho de raios ultravioleta
que até da borboleta
rouba a cor
na cozinha enfurnada
erra no tempero
excede no sal
e lá do terreiro
vê a sala e o quarto
onde num reflexo
gira gira sol
e se põe festeira
la pras bandas
da gafieira
com um homem mulato
do mato
com sapato de dançarino
nem se lembra do menino
que gira ao seu redor
ela precisa viver
deixar um pouco
a lida normal
sem retroceder
até o próximo carnaval
no vendaval da ilusão
vê-se sair pela rua
descalça
sem destino
com a flor
símbolo
de sua sofreguidão
largou pra trás a tristeza
pra ver o desfile
lá do pontilhão
e se tinha um figurante
com a mesma ideia
mirando-a
com um girassol na mão
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