Um fio de água límpida - cercado de lixo por
todos os lados - corta o Vale Verde.
Penso em construir um muro desde a sua
nascente - e isolá-lo.
Penso em canalizá-lo.
Penso protegê-lo das enxurradas que deixam
um rastro de consumismo nas bibocas.
Mas... e se lá, lá na sua nascente, o lençol
freático estiver poluído?... o que farei senão
apenas imaginar que um fio de água límpida
corre no Vale?
Até quando a fuligem cobrirá o Vale e o
Fio d'Água?
Num ato instintivo penso em demolir as
chaminés que acinzentam o Vale Verde.
Até quando tudo vai poluir meu manancial
inato de límpida criação?...
até eu mais não ser, talvez...
***