se eu não mais sentisse
a dor da despedida
seria como pedras implodidas
soterrando a primavera
de flores à beleza nascidas
seria como o vulcão
a vomitar a lava
e o câncer que de repente
como sangue
do fundo de meu eu brotaria
se eu não mais sentisse teu cheiro
seria como o lobo
que foi no caminho
que foi no caminho
marcando sua trilha
(em cada ângulo de tua face)
(em cada ângulo de tua face)
mas que distante da matilha
perdesse o faro
e não mais ao seu espaço retornasse
e não mais ao seu espaço retornasse
se eu não mais escutasse a tua voz
a voz do meu peito se calaria
tal filhote implume
que do ninho cai
e já não pia
pra chamar-te numa noite fria
se eu não mais visse o teu olhar
de que me adiantaria
a volta do romântico trem
se na ferrovia ninguém eu veria
e meus anseios viessem
como bumerangues
a ferir-me em sincronia
se longe estás no fugidio túnel
com os olhos claros apagados
à luz infinita que eu desejaria
se eu não tivesse mais a tua presença
que outra vida me animaria
daria meu corpo aos corvos
em fantoche me tornaria
manipulado por tuas mãos
no adeus sem aceno
mudo
que dói só de pensar
no teu ser
no teu calor
no teu calor
no teu olhar
no teu laço de fita
no teu laço de fita
se assim visses também
se assim ainda visses, querida
e não sentisses a dor
a dor da despedida
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(Rehgge, 2008)
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(Rehgge, 2008)