dos tristes & azarados.
é triste aquele que nunca chorou ao som duma canção de amor
é triste aquele que nunca sentiu prazer com os aromas das flores
é triste aquele que amou pouco e pouco amor ofereceu
é triste aquele que regozija-se com a mentira, pois sempre foi incapaz
de tirar o capuz das verdades viciosas que aceita sem mesmo contestá-las
azar deles
e daqueles que nunca imaginaram uma shangri-la
nem riram nem se sentiram tolos ao acompanharem
os gorjeios de pássaros saltitantes lá na copa das árvores
tristes e azarados são os que nunca burlaram a realidade
nem pularam ondas com um pedido ingênuo, certos de o mesmo
ser tão sólido quanto as águas que castigam as pedras
tristes e azarados são os que nunca viram um cachorro sorrir
nem se deixaram levar pela mentirinha escrita no cartãozinho
do velho realejo
tristes e azarados são os covardes em constante fuga
da graciosidade que a simplicidade da vida oferece
neste instante uma roda de dançarinos do lar, comuns,
festeja não sei o quê em frente de casa. de bobeira,
vou descer e mostrar que sou pé de valsa, apesar de
atravessar o ritmo, um pouco de mim ainda é capaz
de transmitir a alegria de tão pequeninas coisas.
(rehgge, 1996)
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