há um deusa
por mim amada
que faz morada
lá no cafundó
nas tardes vagueia
pra não deixar o vésper só
ela é a sereia
que nas margens da areia
tece teia
com os bichos em forró
há uma deusa
mirando minha guaia em toró
desde seu barquinho espacial
desde seu barquinho espacial
sem ver que o sol inda clareia
meu sonho de tanto querê-la
como uma estrela
que de repente vira pó
assim assim
tal a areia da mó
há uma deusa
digna de minha esperança
lá no cafundó
quando eu passar
pelo rio dos solitários
me prenderá
e
e
na minha veia
cessará a sangria
nesse dia
terei pra dor a anestesia
o último ai dum nó
...
a ela cantarei
meus versos eternais
de notas bucólicas
do último idílico curió
ah
há uma deusa
minha dona
minha dona
que na noite da lua só
me vem à tona
benfazeja
me abraça e me beija
tão telúrica
tão etérea
pois sou pra ela
mais que seu príncipe
mais que seu xodó
****