o pássaro se perde na distância
lá no céu fica tão pequenino
ah, se lá eu pudesse matar a ânsia
e ter ainda as asas de menino...
queria fazer suas acrobacias
pensar o mundo lá de cima
como colmeia e formigueiro
sem contar o passar dos dias
olhar pra todos os telhados
sentir-me livre desta sina
um livre passageiro
sem estes prédios de cortina
lá vai ele, meu pensamento
pousar num canto sem rima
multicor a cada experimento,
tudo o que vejo é obra-prima
o que já vivi é esquecimento,
la vai, lá vai, voando, voando
ele liberto a mim anunciando
os degraus do firmamento
o pássaro, seus breves rodopios
vai se perdendo no telado azul,
as nuvens tecem-se como fios
me levam além da América Sul
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