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forró do agá dois ó.





agá dois ó
agá dois ó

fome sede
seca terra
guaia e pó

agá dois ó
agá dois ó

São Francisco
manda toró

morre Maria
morre João,
morre gado
morre chão,
morre Velho Chico
morre ilusão

agá dois ó
agá dois ó

duma cruz só
lá me vou
a outro cafundó
vou me vou
de mim tenho dó

perdi mais de cem
perdi filhinho
barrigudinho
perdi meu carijó

assim num dá
tem jeito não
quanto mais seco
em vez d’água
mais promessa
dum tal cidadão

agá dois ó
agá dois ó
sigo triste
retirante
ignorante
sem forró


***

canção ao meu querido Brasil





******





um lindo sol
que lá longe beija o mar
um revoar de andorinhas
os siriris saem voar
verde-amarelo que mais  quero
em 'solo' multicor
por ti lutar
até morrer de amor
descansar
rolar com  lindas garotas
marotas
tropicalientes
em mil esquinas
de tantas gentes
que dos continentes
ao paraíso trazem fervor
seus ouros às minas
plurais de  labor,
seja como for
jamais me furtarei
à espera do  cândido luar
pra brindar às terras vizinhas
correndo os olhos
no puro azul estelar
que me leva voar
me embrenhar
na fauna e flora
desta terra fértil
que o futuro namora
que acode gentil tantos filhos
em estrebilhos
de uma canção
que em mim brota agora
"jamais vou te deixar"

*****







didático..



sou um peixe-voador
à procura da terceira margem
de rios invisíveis
recoberto de palavras
que desembocam no mar de ilusões

um ser vagante no espaço-tempo
à beira da asfixia


sou um raio 
a perfurar a terra falida
pra acordar as/os parasitas do comodismo

tão velozmente
que ser nenhum sequer nota
os prefácios de minha sobrevida

no meu livro espiritual
há uma história apagada
como fendas  na areia
que a força do vento pode preencher

(e todo o mistério se desvenda...)


***




















**nota de rodapé;



o poeta vive e morre num poema, 
renasce no próximo até desencarnar.


***

*nota de rodapé.



o poeta conhece  o mar só no mapa,
o resto ele inventa.


***