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cadê meu óculos?


quando perco 
o meu óculos bifocal
sem me lembrar onde o larguei
fico tipo o viciado sem seu  jereré
na busca implacável de achá-lo

dos males o menor...
esta situação que amiúde acontece
me permite alguns momentos de reflexão
:
como é duro ver tudo embaçado
ver nas letras um borrão
de um título escrito


PAZ
(primeiro atributo zeloso)
em vermelho manchado
um tom de cor pendente
à flor da pele
que esta  minha cegueira temporária
dá ao meu intelecto um gole de vazão

cadê meu óculos, caramba!

preciso re-enxergar urgentemente
pra voltar a fazer número
na  realidade sem explicação

cadê meu óculos
 me pergunto
remexendo as gavetas
perfazendo meus últimos atos

ah
será que o deixei no banheiro
quando me olhava no espelho
com cara de um durão forasteiro
que ia fazer justiça
com a caneta na mão
ciente de que palavras 
e só  as palavras
são capazes de dar luz a febre mundana

que um dia me cegou
me exilou dentro de mim mesmo
desertando-me do grupo
para achar-me em escura retidão?


cadê meu óculos, caramba!


***



nas entrelinhas.




"tudo em mim se esvazia e me deixa cheio de tudo"


**

panapaná.




"ora direis
que a leveza do voo da borboleta
sucumbe e desvia
num átimo
 a 'desalegria' 
da brutalidade dum ato
mais sensível que o piscar dos olhos..""
(Rehgge)




***




o que trago de ti
na parede memorial 
senão imagens de teu olhar ao revoar de borboletas
e o brilho dele sobre pequeninas coisas
que até hoje iludem-me a  grandes aspirações

o que trago de ti
são pensares migrantes de minhas fugas em liberdade
são lugares aonde dançamos aos luares passionais
despreocupados com a lassidão da lida
livres à sazão dos recomeços

o que trago de ti
senão tua paciência às minhas febris urgências
e tua loucura indomável pra me fazer feliz
a um triz das escolhas erradas que eu fazia

o que trago de ti
me vem como ondas bravias a chicotear as pedras
me vem como braços a nortear meus desejos
até eu esquecer que
depois de nós
meu cômodo viver é aceitar que te perdi

o que trago de ti
é o aroma de teu café
e o calor debaixo dos teus cabelos
e nossas brincadeiras sensuais à beira do fogão

o que trago de ti
a mais forte de todas as lembranças
(afloradas a mil miragens além da flor d'água)
é  a subjetividade de tua viagem
ao revoar colorido das borboletas

e
se um dia ainda contemplá-lo
vou imaginar que tu estás entre elas


***


















esquisitices numa noite neutra...






não temo pelo fim do mundo.
temo que o mundo continue igual
até eu cair no submundo
e achar normal
ser um ser  neo-desnatural

***



não a um novo caminho
sim a uma novo jeito de caminhar,
que fiquem pra trás meus sonhos
outros serei forçado a sonhar




***


nasceu do homem
o homem nasceu do nada
o nada duma ideia forjada
que ninguém explica

quando se explica
a ideia há muito fora espirada
aff
fiquei e fico no vácuo
maturando minha mente viciada
(uma metralhadora com balas de festim
pra dar fim a inimigos invisíveis...)
ih






***


Deus me livre!
o homem tragou pra dentro de si um deus
diminuiu o fabrico de ídolos

cada homem tem um deus
cada ídolo tem um homem
intercessor
que o reinventa

se eu fosse um bom humonauta
eu seria alado
pra achar deus no espaço
 perguntar pra ele
sobre a expansão midiática do seu nome
se toda artéria converge à sua luz energética
e por que
a criatividade humana criou o diabo
que tem como cartão de visita a idolatria:
uma armadilha viscosa aos meus pés de pouso

sou um ser alado, sim, cheio de tentações

eu me permito divagar para achar o que está dentro de mim mesmo.

mas, se eu moldar uma escultura  e chamá-la de deus,
Deus me livre!
não vou dar seguimento ao processo!


***



ângulos invisíveis de atos compartilhados.

ângulos invisíveis de atos compartilhados.





conviver com o drama
melindrar-se com utopias

uma dose bipartida
uma é vida
a outra ilusão

2 olhos
um se espraia ao céu
outro fica entre o céu e o chão
no desvão
[mira sem direção]

um V que não se vê
aberto ou estreito
conceito & contradição

pré-ângulos
de venturas inusitadas

nas utopias
no drama

pela obstinação
faísca de chama
que faz de ínfimos atos
cenas comuns
anunciadas
desnotadas
entre loucura & razão



***